segunda-feira, 4 de agosto de 2008

tudo vem do vento

acabo de chegar em casa depois do primeiro contato com a turma de antropologia da moda desse semestre, e conversando com minha esposa, que atua como designer de moda, ela contou sobre um novo experimento seu com tecidos estampas e cortes... um tecido que parece um couro, mas bem leve. levou na estamparia e eles mostraram pra ela as possibilidades. ela pensou numa coleção de bolsas. e pensou também num monte de outras coisas.

ela contou que está na fase das coisas amplas, muito a favor de o vento passear no corpo, mesmo estando vestida. pensou em fazer um bazar, e precisava ter um tema. ela havia saído e andando pela rua se apercebeu: "- o que estou fazendo agora são só vestidos que voam, e aí lembrei que estou fazendo coisas que voam no momento em que está fazendo muito vento aqui em fortaleza. e aí pensei que estou comungando muito com a cidade, nesse momento. e lembrei de que desde criança gostava de botar a mão fora do carro, pro vento bater, e às vezes o rosto também. sempre fui fascinada por cataventos, arraias, e os encantos todos que eles me trazem".

será que a gente pode supor que essa inspiração que numa experiência a cidade deu, só a deu por ela ter "conseguido" uma espécie de atenção distraída?

o fato é que parece que conseguiu inventar uma mediação conectiva (a roupa) entre corpo e natureza, através de uma prática cultural: o vestir-se.

re-união da natureza no corpo através da cultura! uma ontologia e uma poética para o trabalho de invenção cultural através da moda. uma (est)ética de vida.

Fábio Azevedo.